A exploração de mineração no mar profundo tem sido um assunto debatido intensamente nos últimos anos. Em outubro de 2023, o parlamento português aprovou uma legislação que propôs uma moratória para essa atividade em águas portuguesas até o ano de 2050. Essa decisão segue uma medida similar tomada pela assembleia regional dos Açores em abril. Agora, o parlamento europeu ecoou essa preocupação e criticou a decisão recente da Noruega de abrir vastas áreas de suas águas árticas para a mineração no mar profundo.
A Noruega, assim como Portugal, possui uma longa costa atlântica e recursos minerais estratégicos em terra cuja extensão completa ainda está sendo mapeada geofisicamente. No entanto, a economia norueguesa tem sido amplamente focada na extração de petróleo do gigantesco campo de Ekofisk nos últimos cinquenta anos. Agora, com a diminuição da necessidade de combustíveis fósseis devido a pressões geopolíticas, o governo norueguês está buscando atrair e desenvolver uma indústria “verde” de transição energética que possa se beneficiar da expertise adquirida no setor petrolífero. Essa transição, porém, enfrenta desafios, como o cancelamento de planos para uma enorme fábrica de produção de baterias.
A Noruega está agora olhando para o oceano em busca de sua próxima aventura industrial, planejando explorar uma área de 600.000 km2 ao sul de Spitzbergen, onde estimativas indicam a existência de depósitos de cobre, zinco e cobalto (90 milhões de toneladas) em profundidades de até 6.000 metros, perto de fontes hidrotermais vulcânicas. Além disso, crostas de manganês podem ser encontradas em montes submarinos próximos da costa norueguesa, em profundidades inferiores a 2.000 metros.
Pesquisas recentes mostram que o leito oceânico profundo não é apenas uma lama inanimada, mas abriga organismos bacterianos, moluscos e esponjas marinhas. A presença de peixes-grenadier de um metro de comprimento foi detectada em uma pesquisa no local onde o Titanic naufragou, a cerca de 4.000 metros de profundidade. Empresas de mineração propõem recuperar esses materiais valiosos por meio de técnicas tradicionais de dragagem usadas em águas rasas. No entanto, essa abordagem pode ter consequências catastróficas para a vida marinha nas crostas de manganês, recifes de corais, montes submarinos e sedimentos.
A indústria de mineração no mar profundo enfrentará desafios legais e geopolíticos à medida que os países buscarem obter concessões e garantir suas posições econômicas. Grandes atores como China, Índia, Japão, Coreia do Sul e EUA estão buscando expandir seus suprimentos de metais e se opõem a moratórias ou suspensões da mineração no mar profundo. Ainda há muito a ser discutido e definido no âmbito internacional.
Portugal também se encontra diante de oportunidades e desafios nesse setor. Pesquisas revelaram potencialmente ricos campos de nódulos polimetálicos e depósitos sulfurosos no mar profundo ao sul dos Açores e nas proximidades da Madeira, onde parte desses recursos está localizada dentro da extensão proposta da plataforma continental. O país terá que enfrentar desafios regulatórios, ambientais e de governança para estabelecer essa indústria, mas isso também pode abrir novas oportunidades econômicas.
À medida que a discussão sobre a mineração no mar profundo avança, é crucial encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente marinho. Afinal, os oceanos cobrem 70% da superfície do nosso planeta e são essenciais para a saúde e sustentabilidade de nosso ecossistema global.
Perguntas frequentes sobre a mineração no mar profundo:
1. O que é a mineração no mar profundo?
A mineração no mar profundo refere-se à atividade de extração de recursos minerais, como metais e minerais preciosos, localizados nas profundezas dos oceanos.
2. Por que a mineração no mar profundo é debatida intensamente?
A mineração no mar profundo é um assunto polêmico devido aos potenciais impactos ambientais, como danos aos ecossistemas marinhos e à biodiversidade.
3. O que é uma moratória para a mineração no mar profundo?
Uma moratória para a mineração no mar profundo é uma medida que suspende temporariamente essa atividade em uma determinada área, geralmente com o objetivo de permitir mais estudos e avaliações dos impactos potenciais.
4. Por que Portugal aprovou uma moratória para a mineração no mar profundo até 2050?
Portugal aprovou uma moratória para a mineração no mar profundo para proteger o meio ambiente marinho e garantir uma abordagem sustentável da exploração de recursos.
5. Qual foi a decisão recente da Noruega sobre a mineração no mar profundo?
A Noruega decidiu abrir vastas áreas de suas águas árticas para a mineração no mar profundo, o que foi criticado pelo parlamento europeu.
6. Quais recursos minerais a Noruega pretende explorar no mar profundo?
A Noruega planeja explorar depósitos de cobre, zinco, cobalto e crostas de manganês em áreas como o sul de Spitzbergen e montes submarinos próximos da costa norueguesa.
7. Quais são os desafios da indústria de mineração no mar profundo?
A indústria de mineração no mar profundo enfrenta desafios legais, geopolíticos e ambientais, incluindo a necessidade de garantir concessões e proteger a vida marinha.
8. Quais são as oportunidades e desafios para Portugal nesse setor?
Portugal tem potenciais campos de nódulos polimetálicos e depósitos sulfurosos no mar profundo, mas enfrentará desafios regulatórios, ambientais e de governança ao estabelecer essa indústria.
9. Qual é a importância de equilibrar o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente marinho?
É crucial encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental, pois os oceanos desempenham um papel fundamental na saúde e sustentabilidade do nosso ecossistema global.
Para obter mais informações sobre a mineração no mar profundo, você pode visitar o seguinte link: Cúpula de Mineração no Mar Profundo