Portugal, Aug 12 – O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, fez um apelo a todos para que seja possível um país ao serviço dos jovens e dos jovens ao serviço do país, numa mensagem por ocasião do Dia Internacional da Juventude, hoje.
“Neste dia, faço um apelo a todos para que seja possível um país ao serviço dos jovens e dos jovens ao serviço do país, trabalhando em conjunto pelo Portugal que desejamos”, lê-se na mensagem, publicada no site oficial da presidência.
De Sousa explica que quer assinalar o Dia Internacional da Juventude “reconhecendo as preocupações e ambições legítimas de todos os jovens” e “certo das suas valiosas contribuições para uma sociedade mais empática, próspera e coesa, comprometida com a construção do bem comum”.
“Hoje marco o Dia Internacional da Juventude, convicto da importância de todos os que já constroem o nosso presente e são também garantes do nosso amanhã”, afirmou.
As Nações Unidas declararam o dia 12 de agosto como o Dia Internacional da Juventude em 1999, seguindo uma recomendação da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, realizada em Portugal em 1998.
No entanto, um estudo realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos sugere que mais de 33% dos jovens trabalhadores em Portugal sentem-se vítimas de “discriminação etária” no local de trabalho.
Em outras palavras, os apelos por um país ao serviço da juventude têm um longo caminho a percorrer.
Segundo a Lusa, quanto mais jovens os trabalhadores, maior é o sentimento de preconceito: 42,3% dos jovens entre 18 e 35 anos se queixaram de discriminação relacionada à idade, enquanto apenas 28,6% dos trabalhadores de meia-idade e 25,6% dos trabalhadores mais velhos relataram o mesmo.
O estudo “Compreender o ageísmo em relação a trabalhadores mais jovens e mais velhos” admite que “as decisões de recursos humanos e pessoal envolvendo trabalhadores mais jovens e mais velhos muitas vezes são viésadas de acordo com a idade – foi comprovado que o ageísmo afeta essas decisões”.
No entanto, o ageísmo, especialmente em relação aos trabalhadores mais jovens, é “pouco estudado – embora seja um fenômeno mais frequente que o sexismo e o racismo”, tendo “implicações negativas profundas para indivíduos, organizações e sociedades”.
O ageísmo “está associado a níveis inferiores de bem-estar psicológico”, tanto para aqueles que são alvo quanto para aqueles que têm “crenças ageistas”. Também é prejudicial para as organizações, pois reduz a satisfação no trabalho e a intenção (dos trabalhadores) de permanecer.
Os resultados do estudo mostram que “preconceitos ageistas podem afetar negativamente a saúde mental de todos” envolvidos, contribuindo para “maior absenteísmo (…), uma diminuição da criatividade, inovação e colaboração em equipes” e para “provavelmente sobrecarregar o sistema de saúde”.
Mais de um quarto dos trabalhadores mais jovens relatam discriminação por causa de sua idade, desde o recrutamento até a promoção e demissão.
Os trabalhadores mais jovens “também tendem a receber salários relativamente baixos, não se sentem valorizados, recebem comentários pejorativos, são considerados menos competentes e têm menos oportunidades de desenvolvimento do que os colegas mais velhos”, afirma o estudo coordenado por David Patient, professor de liderança na Vlerick Business School (Bélgica).
Por outro lado, os jovens têm as opiniões, preconceitos e atitudes mais negativas em relação aos trabalhadores mais velhos, que são mais bem aceitos “em organizações mais modernas e flexíveis (ao contrário das mais tradicionais e rígidas) e nas regiões metropolitanas de Lisboa e do sul do país”.
A crença de que os idosos devem se aposentar e dar lugar aos trabalhadores mais jovens é mais prevalente em empresas privadas do que na administração pública.
“Encontramos poucos fatores sociodemográficos que se mostraram preditores de estereótipos ageistas contra trabalhadores mais jovens”, diz o estudo, acrescentando que, em Portugal, os preconceitos “foram aceitos em níveis moderados a altos, embora de forma mais acentuada por pessoas mais velhas com menos educação, bem como aquelas com visões de direita/conservadoras em questões econômicas e, especialmente, sociais.
“Pessoas descomprometidas, com pouca ética de trabalho, arrogantes e argumentativas” fazem parte das descrições estereotipadas dos jovens, que muitos consideram “deveriam aceitar um status inferior na organização e não questionar a hierarquia ou o status quo”.
Os pesquisadores concluíram que a discriminação etária não está relacionada com o setor de atividade nem com o tamanho e a localização das organizações. “Eles acharam curioso que nem o gênero nem o nível de educação afetem significativamente o sentimento de ageísmo”, escreve a Lusa.
Em resumo, o estudo aponta a necessidade urgente de compreender o papel da discriminação etária e das relações intergeracionais no trabalho, dada o envelhecimento da população e a tendência (não apenas em Portugal) de adiar a aposentadoria, considerando que “o ageísmo pode ser um obstáculo para a retenção de talentos, (…) criar mais conflitos interpessoais”, além de aumentar os níveis de estresse e piorar a saúde mental.
Combater o ageísmo “é fundamental para promover a igualdade, fomentar ambientes inclusivos e maximizar as contribuições potenciais de indivíduos de todas as faixas etárias”.
Perguntas frequentes:
1. O que é o Dia Internacional da Juventude?
O Dia Internacional da Juventude é celebrado em 12 de agosto e foi estabelecido pelas Nações Unidas em 1999, seguindo uma recomendação da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, realizada em Portugal em 1998.
2. O que é a discriminação etária?
A discriminação etária é um termo utilizado para descrever situações em que pessoas são tratadas de maneira desigual ou discriminadas devido à sua idade. No caso deste artigo, refere-se à discriminação de jovens trabalhadores em Portugal.
3. O que é ageísmo?
O ageísmo é um fenômeno que se refere ao preconceito, discriminação e estereotipagem baseados na idade. É semelhante ao racismo e ao sexismo, mas é menos estudado e mais frequente em relação aos trabalhadores mais jovens.
4. Quais são as consequências do ageísmo?
O ageísmo pode ter implicações negativas tanto para indivíduos quanto para organizações. Pode levar a níveis mais baixos de bem-estar psicológico, redução da satisfação no trabalho, menor criatividade, inovação e colaboração em equipes, além de aumentar o absenteísmo e sobrecarregar o sistema de saúde.
5. Quais são os principais resultados do estudo mencionado no artigo?
O estudo revelou que mais de um quarto dos trabalhadores jovens em Portugal relataram ter sofrido discriminação por causa de sua idade. Esses trabalhadores muitas vezes enfrentam salários baixos, falta de valorização, comentários pejorativos e menos oportunidades de desenvolvimento em comparação com trabalhadores mais velhos.
6. Quais são os estereótipos sobre os jovens mencionados no estudo?
Alguns estereótipos sobre os jovens incluem serem considerados descomprometidos, com pouca ética de trabalho, arrogantes e argumentativos. Muitos acreditam que os jovens deveriam aceitar um status inferior na organização e não questionar a hierarquia ou o status quo.
7. O que o estudo recomenda para combater o ageísmo?
O estudo destaca a importância de compreender o papel da discriminação etária e das relações intergeracionais no trabalho, especialmente devido ao envelhecimento da população e à tendência de adiar a aposentadoria. Combater o ageísmo é fundamental para promover a igualdade, fomentar ambientes inclusivos e maximizar as contribuições potenciais de pessoas de todas as faixas etárias.
Links relacionados sugeridos:
– Site do Enviado do Secretário-Geral sobre a Juventude
– Organização Mundial da Saúde
– Por Dentro da AIDS