A polêmica em torno das concessões de exploração de lítio em Portugal ainda não foi totalmente esclarecida e pode levar à queda de ministérios, políticos e empresas que as lobbearam. No entanto, o que supostamente ocorreu em Portugal é apenas uma pequena parte da prática global de corrupção na indústria de mineração, onde operadores como o Grupo Wagner prosperam. Uma coisa é certa, os projetos que já estão em andamento não serão interrompidos por muito tempo e em breve veremos o início da produção em Barroso e outros sete locais.
Há muito dinheiro em jogo e muitos envolvidos. A única esperança dos ambientalistas que protestam é modificar as piores transgressões do ambiente rural e garantir que o que for produzido seja vendido para uso pacífico e benefício público.
A geologia de Portugal é diversa e variada e abriga muitos minerais diferentes. Isso é ilustrado de forma útil pelo Mapa do Minério 2013-2023, que mostra em detalhes as concessões concedidas, explorações em andamento e informações sobre os empreendedores e seus objetivos. Substâncias menos conhecidas são incluídas, como sal-gema, basalto, ardósia, mármore e agregados.
Antes de o foco se voltar para o lítio, era o cobre que chamava a atenção por ser “o novo ouro”. Portugal ocupa uma posição como um dos principais exportadores desse metal para a Europa e além desde a Idade do Ferro. A maioria dos depósitos é encontrada no Cinturão Piritoso Ibérico (CPI), que ocupa uma faixa de terra de aproximadamente 30 a 40 km de largura e se estende em um arco de Setúbal, passando pelo Alentejo até Sevilha.
Atualmente, é considerada uma região de mineração-chave da Europa, com grandes reservas (estimadas em cerca de 500 milhões de toneladas) de minério sulfetado vulcanogênico maciço.
A aplicação de técnicas geofísicas e equipamentos do século XXI resultou em perfurações exploratórias bem-sucedidas e produção aprimorada tanto em Portugal quanto na Espanha para atender a uma demanda crescente.
A maior mina subterrânea está localizada em Neves-Corvo, no sudoeste do CPI. Ela pertence à Lundin Mining, empresa canadense, e é operada por meio de sua subsidiária, a Somincor, adquirida em 2006 após a fusão com a EuroZinc Mining.
A planta é altamente mecanizada e usa um poço para alcançar o nível de 700m, de onde os transportadores servem as partes mais profundas da mina. O minério é processado em duas plantas, uma para cobre, com capacidade de 2,8 milhões de toneladas por ano, e outra para zinco, com capacidade de processar 2,5 Mtpa.
Os concentrados são transportados por uma linha ferroviária privada até Setúbal para o envio aos fundidores. Uma quantidade muito menor de chumbo também é exportada em contêineres.
Mudanças no cenário mundial de fornecimento de cobre e outros metais “verdes” chamaram a atenção de grandes concorrentes que desejam abrir minas de tamanho semelhante a Neves-Corvo.
Estudos e levantamentos estão sendo realizados em um ritmo acelerado, comparável aos feitos para o lítio no norte, com considerável apoio de consultores preocupados com o impacto ambiental.
Aqui estão três dos principais concorrentes, todos canadenses.
A Avrupa Minerals Ltd. está buscando iniciar a produção em Sesmarias e está trabalhando em conjunto com o grupo australiano Sandfire MATSA. Mais de 50 furos de perfuração diamantada revelaram extensos depósitos em níveis de 150 a 400 metros, que são acessíveis de forma viável por meio de métodos a céu aberto.
Ao norte, em Lagoa Salgada, a Ascendant Resources Inc., de Toronto, e sua subsidiária portuguesa Redcorp obtiveram uma única licença de exploração que abrange 10.700 hectares. Um Relatório de Avaliação de Impacto Ambiental recém-concluído afirma que estudos que excedem os requisitos governamentais examinaram todos os aspectos das questões ambientais, especialmente o impacto nas águas superficiais e subterrâneas e o fornecimento de grandes quantidades de água que serão consumidas no processamento. Um projeto complementar prevê a construção de uma usina fotovoltaica de 30MW como contribuição para a redução das emissões de carbono.
EuroPacific Metals Inc., por meio da EVX Portugal (uma subsidiária integral), obteve os direitos exclusivos de exploração de 328 km² da concessão “Borba 2” no sul do Alentejo. Dentro dessa vasta região estão localizadas várias minas desativadas que agora serão reabertas. O destaque entre elas é o depósito de cobre oxidado a céu aberto de Miguel Vacas, que está recebendo prioridade para exploração, com a perfuração de mais 10 poços neste ano na esperança de que a produção possa começar no início de 2025. Outros locais promissores, como Mostardeira, Bugalho e Almogreira, têm bom potencial para a recuperação de cobre e ouro.
Existem muitos outros locais dentro do CPI que os especialistas acreditam ter um grande potencial de exploração devido à disponibilidade da nova “tecnologia cibernética”, mas cada um precisará enfrentar as mesmas dificuldades e irregularidades encontradas com as concessões de lítio, à medida que os mineradores disputam com influenciadores, políticos e o processo de licenciamento.
A Lei de Materiais Críticos da União Europeia de 2023 se aplica rigorosamente à exportação e importação dos minerais descritos no Mapa do Minério 2013-2023. Ela busca evitar a formação de cartéis que possam concentrar os poderes geopolíticos dos estados-nação possessivos em posições dominantes do controle econômico e militar sobre os despossuídos.
Sua introdução tem sido severamente criticada por acadêmicos e ambientalistas em toda a União Europeia por não ter a vontade e o propósito de combater o mal básico da corrupção, que é endêmico na indústria de mineração.
Seus protestos, registrados em uma carta aberta dirigida à Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, têm referência particular em Portugal, após o descontentamento causado pelas revelações da Operação Influencer.
Por Roberto Cavaleiro || [email protected]
Roberto Cavaleiro chegou a Portugal em 1982, atuando como consultor de investidores internacionais. Seus interesses atuais incluem bem-estar animal e redação de artigos de opinião, especialmente relacionados a questões ambientais.
Perguntas frequentes (FAQs):
1. Quais são as principais concessões de exploração de mineração em Portugal?
As principais concessões de exploração de mineração em Portugal incluem o lítio em Barroso e outros sete locais, e o cobre no Cinturão Piritoso Ibérico (CPI), com destaque para a mina de Neves-Corvo.
2. Quais são os minerais explorados em Portugal?
Portugal possui uma geologia diversa e abriga diversos minerais, incluindo lítio, cobre, sal-gema, basalto, ardósia, mármore e agregados.
3. Quais são os principais concorrentes na exploração de minerais em Portugal?
Atualmente, três dos principais concorrentes na exploração de minerais em Portugal são a Avrupa Minerals Ltd., a Ascendant Resources Inc. e a EuroPacific Metals Inc., todas canadenses.
4. Quais os impactos ambientais da mineração em Portugal?
Os impactos ambientais da mineração em Portugal são uma preocupação para os ativistas ambientais. Eles buscam modificar transgressões que afetam o ambiente rural e garantir que a produção seja vendida para uso pacífico e benefício público.
Definições de termos-chave:
– Lítio: Elemento químico utilizado em baterias recarregáveis, amplamente utilizado em dispositivos eletrônicos e veículos elétricos.
– Corrupção: Prática de abuso de poder para obter benefícios pessoais ou ilegais.
– Mineração: Atividade de explorar e extrair minerais do solo ou subsolo.
– Cobre: Metal vermelho-alaranjado utilizado em fios condutores de eletricidade e fabricação de produtos.
– Cinturão Piritoso Ibérico (CPI): Faixa de terra em Portugal e Espanha que contém grandes reservas de minério sulfetado vulcanogênico massivo.
Links relacionados sugeridos:
– Direção-Geral de Energia e Geologia
– PartioLtecnico – Mineração em Portugal
– Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG)